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A Tendência dos Metaversos no Mercado de Ações de Tecnologia

Como mencionado no artigo anterior, aqui vai a continuação sobre a tendência lançada através do rebranding do Facebook Company, na última semana do mês de outubro. Retomaremos com as respostas das perguntas feitas e mostraremos quais ações de mercado serão as melhores oportunidades para se investir, aproveitando o timing e o cenário.


Mas para que diabos vai servir um “Metaverso Aumentado” no dia a dia? Para continuarmos jogando como heróis e monstrinhos? Como isso pode realmente aumentar a eficiência das pessoas e dos negócios? Vamos ficar fazendo calls de Microsoft Teams e Zoom usando avatares coloridos? É para isso que serve toda essa parafernália virtual? Quais novos paradigmas os metaversos podem realmente quebrar?


Logicamente não existe certo ou errado quando falamos de fronteira da ciência, mas vou me permitir alguns pensamentos para destacar onde realmente enxergo valor aos Metaversos – e porque acho que o Facebook vai jogar bem esse jogo, mas estará longe de liderá-lo.


Vamos por partes.


Quando analiso roadmaps de empresas de inovação tecnológica, assim como todo Venture Capitalist de formação, gosto de tentar entender quais “dores” reais de mercado serão atacadas por uma nova proposição tecnológica.


É curioso pensar como algumas das dores do mundo digital não são mais apenas derivadas de ineficiências apresentadas pelo mundo físico, mas sim de ineficiências novas, trazidas pelo próprio mundo digital na sua confusão de desenvolvimento. A Internet trouxe uma abundância de informações para todos, acessíveis e compartilháveis a qualquer momento, por qualquer pessoa. O mundo acabou se transformando numa imensidão de conteúdo, sofrendo enormemente para discernir conteúdo bom de conteúdo ruim, não sabendo como viabilizar a curadoria de conteúdo conforme demanda e, talvez mais importante, como efetivamente vetar conteúdo agressivo à sociedade.


Aliás, como é difícil a discussão de quais são os limites para a democracia da publicação e acesso ao conteúdo nas redes – quais são os limites para propagação da fake news, por exemplo?


Fato é que a abundância de informação online não trouxe apenas problemas na gestão e disseminação da própria informação – estão emergindo problemas sociais bem mais críticos: problemas de alinhamento entre a expectativa e a real capacidade de produção das pessoas e dos negócios. Com a velocidade de acesso e assimilação de informação em incessante expansão, como fazer com que tantas novas ideias e oportunidades possam ser sim supridas pelo trabalho das pessoas? Como evitar com que uma pessoa ou negócio não se frustre ou morra de ansiedade ao se deparar com tanto conhecimento e tão pouca capacidade de entrega de tudo que se aprende e vislumbra? Enfim – como fazer com que pluralidade de informação e de produção possam seguir socialmente em ritmo mais sincronizado?


É aqui neste cerne em que enxergo a dor real e a rota tecnológica a ser desenvolvida pelos Metaversos. Lugares reais, aumentados, em que o virtual serve para escalar a capacidade de produção das pessoas e dos negócios e acompanhar a capacidade desenfreada de absorção de conhecimento. Os metaversos vão oferecer ferramentas aumentadas capazes não só de aplicar a inteligência artificial como replicação do comportamento do indivíduo, mas sim como replicação de um comportamento coletivo, simulando e resolvendo demandas de produção em espaços paralelos.


Na prática: não vamos apenas ter um algoritmo que recomenda produtos que talvez queiramos comprar ao ver vídeos, postagens e notícias sobre determinados temas nas redes – vamos sim ser apresentados a pessoas cujos conhecimentos sejam complementares aos nossos, e cuja associação facilite o desenvolvimento de novos produtos e serviços para otimizar a vida de um volume ainda maior de pessoas. Uma solução aumentada que entenda que você busca um emprego, por exemplo, e te apresenta pessoas com aptidões para compor uma equipe, criando um ambiente de trabalho virtual entre elas e gamificando a experiência de criação coletiva. Sem você sair de casa e, mais incrível, sem você necessariamente entender que está interagindo com outras pessoas.


Parece ficção científica? Talvez seja. Mas a verdade é que a coletividade permitida pelo movimento dos Metaversos é tão complexa e intrigante que dificilmente consigo enxergar um player líder no já tradicional mundo da mídia online como o cavalo vencedor dessa transformação. Será muito difícil para o Facebook tirar o olho de sua formidável máquina de monetização do consumo virtual para adentar num roadmap tão profundo quanto esse disposto pela espacialização da inteligência artificial. Para mim, parece se tratar da velha máxima do gigante sendo engolido ou, ao menos, tendo que se confortar em conviver com inovadores pequeninos, que crescerão exponencialmente ao sintetizarem P&D de Realidades Mistas em aplicações reais.


Diante disso – há alguém em que faça sentido apostar já agora diante de tantas hipóteses e sem certeza alguma de como o conceito de metaversos se desenrolará na sociedade?


Pode parecer contraditório, mas já existem vencedores iminentes nesse movimento. Nvidia e sua solução Omniverse talvez seja o mais nítido desses players, uma plataforma que usa toda a capacidade das GPUs da empresa para compor ambientes virtuais de colaboração em tempo real. A base da solução já está sendo adotada como fundamento para a criação de uma série de outros metaversos anunciados, se portando com um gerador coletivo de outros ambientes virtuais.


Outros exemplos se dão nas companhias que provêm tecnologia para aumento dos pontos de acesso à interação com Metaversos, o que exige inovações disruptivas na cadeia de desenvolvimento de novos protocolos em Internet das Coisas (“IoT”) – neste aspecto, destacam-se novamente players em semicondutores, com destaque a líderes em FPGA, espécies de chips programáveis, cujo líder global é a Xilinx, companhia em trâmite de ser adquirida pela AMD.


Mais exemplos? É quase clichê aqui falar sobre segurança cibernética – afinal, tudo o que exige maior gestão e manipulação de dados requer mais segurança sobre eles. Quando falamos de metaversos, no entanto, é impossível não enfatizar companhias já líderes em gestão de identidade e acesso, como a Okta. Afinal, mesmo estando em ambientes de realidade mista, às pessoas ainda tendem a querer pelo menos ter certeza de que ainda existem como identidades únicas e protegidas nas redes, ou seja, como indivíduos.


Em resumo: metaversos estão muito longe de ser apenas games ou avatares simpáticos para a interação entre pessoas em ambientes virtuais – estamos falando de uma nova rota tecnológica para uma produção colaborativa massificada, capaz de acompanhar o ritmo da assimilação desenfreada de informação disponível nas redes. Por ora, o que nos resta fazer é monitorar de perto os desenvolvimentos e, com atenção, identificar algumas bases tecnológicas essenciais que serão empoderadas neste movimento. E torcer para que, em breve, num desses metaversos, já não surja uma produção coletiva que disrupte os próprios metaversos em si – afinal, quem sabe o que a inteligência artificial coletiva poderá criar?


F=ma

 





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